segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pedacinhos de pessoa desencontrada do seu poder

No ringue

Dente de leão
Origami de papel de seda
Pólen

Meus farelos caminham
sobre saltos
sobretudo
cachecol e óculos escuros
maquiados

O cheiro cítrico
da força dos novos cachos
ilude os outros, me golpeia

Parece
que venci o mundo
Enquanto sangro no chão
esperando o juiz contar até mil.


***

Cimento


"Quem você pensa que é?"
Pergunto eu,
pra mim,
enquanto o ônibus chacoalha
minhas fraquezas
de estômago vazio
e anemia na alma.

Alma?
Sorrio. E chorro. Só por dentro.
Economizo as expressões dramáticas
e reservo o sorriso pras mentiras mal contadas
com que convenço os de fora
depois ensopo o travesseiro

As pedras na mochila já são cimento
Todos os de fora sofrem, surtam,
Eu não, eu aguento;
Eu-cimento.

Quanto mais as minhas fronteiras
se diluem a olhos vistos,
mais se estreitam e esmagam
o desejo de heroismo.

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