domingo, 30 de dezembro de 2007

Uma história quase de Natal

Dia 26, por volta das 16h.

Ônibus. Ar condicionado quebrado.

Voz de mulher em alto e bom som ao telefone.

- Vocês já ligaram na Funerária Americana?
(pausa breve)
- Ai, meu Jesus Cristo!
(nova pausa breve)
- Quando eu soube, o ... (nome de homem, impossível ouvir) já tinha saído, o jeito foi pegar o ônibus mesmo...
(pausa brevíssima)
- Eu tô indo pra sua casa tá?
(pausa maior)
- Da ... (nome de mulher, impossível lembrar) ? Sei, sei chegar, sim. Tá bom.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Sobre quadros e quebra-cabeças

Tudo igual. Tudo junto. Sem pares opostos, sem dicotomia, sem tese + antístese que vira síntese. Ou com tudo isso, desde que admitamos que a tese, a antítese, a síntese, os pares opostos, os elementos dicotômicos e tudo mais que você possa imaginar, são a mesma coisa. Não feitos da mesma coisa, não partes da mesma coisa, só a mesma coisa. Um grande montão de mesma coisa forçadamente separada por contornos-limites, contornos-razão-de-sofrimento, contornos-desarmonia.

(Um monte de gente famosa já disse isso, de um monte de jeitos, inclusive o moço que dizem ter nascido hoje - só que há muitos anos - e que não é o Papai Noel.)

O que me pergunto é: a partir de quando a vida deixa de ser uma pintura linda e harmoniosa pra se tornar um quebra-cabeças de peças que se trombam sem se encaixarem? Desde então, as individualidades gritam, isoladas, nunca capazes de complementar. Puramente individuais, sem criarem nada, sem comporem nada, sem serem nada. Impedidas de ser pelos limites que impuseram a elas mesmas. Ai, como o ser humano é bobo!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Para o que sorrir?

Hoje, andando pro trabalho, passei por dois cachorrinhos e sorri. Foi inevitável. A gente sempre sorri pra cachorros, né? Eu sempre.

Aí fiquei pensando que não é comum sorrrir pra pessoas desconhecidas com a mesma facilidade com que sorrimos pra cachorros desconhecidos. Talvez porque as pessoas não nos pareçam tão puras quanto os cachorros. Talvez porque tenhamos nos cansado das pessoas.


Nada, absolutamente nada, contra cachorros, mas quando nos cansarmos também deles, pra que animais vamos sorrir?

Nada contra os outros animais, mas quando nos cansarmos também deles, para o que vamos sorrir?