segunda-feira, 30 de julho de 2007

Moça de longe

Dividindo o pouquinho de Emília Queiroga que eu pude copiar do livro do Marcelo.

Ser

Paletó, gravata, roupa social ou um tailleur,
Pacotes de ansiedade, estresse...
Vontade de viver,
Saudades de si...
Uma sensação estranha
De ter deixado pra trás
Ou pra depois
Algo importante a fazer.

sábado, 28 de julho de 2007

Clarice conta Nachos

O trecho copiado abaixo é do livro Perto do Coração Selvagem e prova que Clarice conheceu a Nachos, do Sagomadarrea e resolveu retratar sua infância em uma obra, mudando o nome da garota de Natália para Joana.

Quem não conhece a Nachos pode só aproveitar para se deliciar com a Clarice e com seu jeito de contar bem qualquer história.

Quem conhece a Nachos pode entender como foi a infância dela e se matar de rir.

"No momento em que a tia foi pegar a compra, Joana tirou o livro e meteu-o cuidadosamente ntre os outros, embaixo do braço. A tia empalideceu.
Na rua a mulher buscou as palavras com cuidado.
_ Joana... Joana, eu vi...
Joana lançou-lhe um olhar rápido. Continuou silenciosa.
_ Mas você não diz nada? - não se conteve a tia, a voz chorosa - Meu Deus, mas o que vai ser de você?
_ Não se assuste, tia!
_ Mas uma menina ainda... Você sabe o que fez?
_ Sei...
_ Sabe... sabe a palavra...?
_ Eu roubei o livro, não é isso?
_ Mas, Deus me valha! Eu já nem sei o que faço, pois ela ainda confessa!
_ A senhra me obrigou a confessar.
_ Você acha que se pode... que se pode roubar?
_ Bem... talvez não.
_ Por que então...?
_ Eu posso.
_ Você?! - gritou a tia.
_ Sim, eu roubei porque quis. só roubarei quando quiser. Não faz mal nenhum.
_ Deus me ajude, quando faz mal, Joana?
_ Quando a gente rouba e tem medo. Eu não estou contente nem triste.
A mulher olhou-a desamparada:
_ Minha filha, você é quase uma mocinha, pouco falta para ser gente... Daqui a dias terá que abaixar o vestido... Eu lhe imploro: prometa que não faz mais isso, prometa em nome do pai.
Joana olhou-a com curiosidade:
_ Mas se eu estou dizendo que posso tudo, que... - Eram inúteis as explicações. - Sim, prometo. Em nome de meu pai."

E por aí vai, acho que já deu pra sacar.

Clarice Lispector. Na hora certa.

Tô lendo um livro da Clarice, Perto do Coração Selvagem. Foda. Aí, tive que copiar vários trechos, que reproduzo aqui:

"Nada acontecia se ela continuava a esperar o que ia acontecer" (Não é mesmo? Não é assim com todo mundo? A gente sabe. e mesmo assim a gente espera)

"'Tudo é um', entoava. Parecia-lhe que se ordenasse e explicasse claramente o que sentira, teria destruído a essência do 'tudo é um'". (Às vezes, explicar atrapalha tanto! Sim, tudo é um. Muito um.)

"A liberdade que às vezes sentia. Não vinha de reflexões nítidas, mas de um estado como feito de percepções por demais orgânicas para serem formuladas em pensamentos" (Cérebro limitado. E pra piorar a gente só usa uma pequena parte!)

"Quando me surpreendo ao fundo do espelho, assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas" (Espalhada no ar. Sem limites. Sem espelhos.)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

"Problemas modernos" ou "Quem foi que inventou o asfalto?"

A pista de Congonhas não tinha buraquinhos pra água da chuva escorrer. O teto do Aeroporto de Campinas caiu por infiltração da água da chuva. Teve um monte de enchente na Grã-Bretanha. Eu perdi meu guarda chuva grande vermelho e prata. (Aliás, se vc achar um, é meu, ganhei de presente e pago bem pra ter de volta)

Com tudo isso, fiquei puta com uma série de coisas.

Entre elas, me incomodou muito o empurra-empurra entre os possíveis responsáveis pelo acidente da TAM, reforçado por uma mídia que cansa de tão maniqueísta que é. A discussão não é se a culpa é da Infraero ou da TAM e eu tô pouco me fodendo se o cara ficou feliz com a matéria que apareceu na Globo, amenizando a culpa dele. Parou! Como assim? Não é um jogo de quem se livra melhor e mais rápido das culpas e responsabilidades. Morreu uma galera. Isso é foda. Hora de sentar e pensar como fazer pra isso parar de acontecer. Até porque, a discussão de se a culpa é da TAM ou da Infraero é muito vazia e furada. Não é simplista a coisa, é complexa. Um erro sozinho e isolado não faz uma tragédia dessas. É um conjunto. E conjunto de erros, pra ser corrigido, pede união, não peleja babaca, como a que tá rolando.

Outra coisa que me irritou muito, foram as cinco chuvas que tomei em dois dias. Só chove em mim. E no meio do caminho, que é pra não dar tempo de voltar. E, claro, a temporada de chuvas eternas começou no dia em que eu percebi que tinha perdido meu lindo e enorme guarda-chuva.

Além disso, ou melhor, aquém disso, me veio uma questão mais simples. Fica claro que nossa relação com a água tá meio esquisita, não? A chuva não era aquele negócio bonito que fazia plantinhas crescerem e a terra ficar cheirosa? Ah, sim... hoje tem menos plantinhas... E, também, parece que cobriram a terra com um troço cinza que chamam de asfalto. Porque é mais fácil de deslizar a roda do carro, por exemplo. É, é mais fácil de deslizar.

Eu, apesar de quase-gripada em função dos últimos dias, ainda gosto de chuva. E de água. Por enquanto.

sábado, 21 de julho de 2007

Bobeira

Sabe quando ninguém tem tempo?
Então, isso é o sempre.
Ninguém tem tempo.
É fato, verdade.
Tempo não se tem. Tempo se quer.
E o querer nada tem de relativo, o querer é concreto e determinante.

Ninguém quer tempo pra isso, pra isso que você quer e precisa.
Só você. É e será só você.
E a importância das coisas, sensações, lágrimas é só sua.
Tempo é o que se faz com o tempo.
E há muito pra se fazer, entre o que se quer e o que se precisa.

É assim, então, que você sempre precisa de mais tempo do que te dão.
Do que têm pra te dar. Do que querem te dar.
Precisa de mais tempo do que você se dá. Precisa de mais.
Sofrer ja é gasto do tempo que não se tem.
Isso falando do próprio sofrer. Que dirá o sofrer alheio?

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Anônima

Esses dias, uma pessoa escreveu um comentário pra Bacante e preferiu postar como anônimo. Era um negócio meio agressivo, por si só, mas a mim o que mais agrediu foi quando o anônimo disse, perguntando-se quem eu era pra escrever sobre teatro, que eu era só uma estudante de jornalismo da Cásper Líbero.
Não. Não sou isso. Faço isso. E nem é sempre. E nem é o que eu mais gosto de fazer.
A gente é muito mais completo do que a gente quer mostrar e do que os outros querem saber. Freqüentemente, a gente se limita a nome, idade, profissão, pra dizer o que somos. Que pequeno...
Enfim, às vezes eu queria mesmo ser anônima e não fazer nada... só pra ver se o "quem sou" se tornaria algo mais profundo sem essa premissas superficiais.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Você já sabe... vamos recordar...

Passei uns dias na neblina. Neblina é bom pra gente voltar pra gente. E, como já escrevi aqui, mas agora com mais significado ainda, viver é do jeito que eu quiser, é uma escolha, mas mais do que isso, é menos complicado do que a gente faz. É só viver. Agora.

Três decobertas bonitas:

Inspiração: pirar dentro (absorver influências e energias e pirar dentro).

Expiração:
pirar fora (e não é só no sentido de pôr ar pra fora).

Expressão:
colocar a pressão pra fora.

sábado, 7 de julho de 2007

Obrigada, Juli!

As útimas noites foram as melhores dos últimos meses, talvez anos. Cara, como a gente demora pra descobrir que a gente pode escolher o modo como quer viver! Bem, eu demorei. Mas descobrindo isso, redescobri que há pessoas neste mundo que me deixam muito feliz, há assuntos que me empolgam demais. Há vida pra viver! Isso é bom de sentir e de compartilhar.

Logo mais, quando eu estiver sozinha em Sampa de novo, os bichinhos da saudades vão ficar me mordendo (e eles são muito ruins), mas por enquanto tô agradecendo a mim mesma por ter finalmente me dado esse direito (ainda que minha conta corrente tenha dois reais e trinta e cinco centavos).

Tô de férias!!!!!! Obrigada, Juli!