domingo, 5 de julho de 2009

Do que fica e do que vai

Embora citações religiosas sejam invariavelmente muito suspeitas e, por essência, deturpáveis e com grandes chances de dar vazão a extremismos, começo com uma, pra desenvolvê-la, do meu jeito, em seguida:

"Como é horrível a idéia do nada. Quanto se deve lamentar aqueles que crêem que a voz do amigo que chora seu amigo se perde no vazio e não encontra nenhum eco para lhe responder. Jamais conheceram as puras e santas afeições aqueles que pensam que tudo morre com o corpo" (Evangélio segundo o espiritismo - Capítulo XXVII - aquele que dá a receita das preces)

Não há o nada e não há, tampouco, a segmentação - que insistimos em fomentar - que divide alma, mente, corpo e define indivíduos e fronteiras entre corpos e entre corpos e ambientes. Fronteiras duras, impostas, artificiais e puramente ilusórias - incapazes de separar, de fato, a luz e a energia única que nos constitui e que somos. O uno que, frágeis, só notamos ser uno nos momentos de rompimento.

Então, sim, agradeçamos o rompimento e o que ele pode nos ensinar sobre a unidade desse universo que todos somos.

O que se vai no rompimento talvez seja justamente nossa ingenuidade pretensiosa de importância individual. Fica, sempre, a energia vital que, embora tenha várias formas e se transforme o tempo todo, se mantém intacta dentro e fora dos corpos humanos (mais fora do que dentro, aliás). Fica a vida, independentemente de quantos corpos morram.

(Em paz, pra minha pequena)