quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Notas do parto


Ontem, nasceu a Wawa.



Sabia pouco dela. Descobri pouco ontem. Era muito movimento para uma palhaça recém-nascida. Então, ela acabou se empolgando e se perdendendo.



Gosto dela, mas por enquanto sou só eu mesmo. Acho que meus amigos se assutaram. O entregador de pizza nem se fala.



A Wawa nasceu no dia dos meus 21 anos. De propósito, de presente. Minha emancipação. Uma nova Juli...



Tudo isso.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Do amor, da memória e dessas coisas que não se explica

- Amar é muito diferente de lembrar de amar. Ser é muito diferente de lembrar de ser e de pretender ser.

A gente é um monte e, por isso mesmo, transforma as outras pessoas em um monte. Eu sou um pra mim, outro pra cada pessoa que me conhece, outro nas minhas lembranças, outro nas lembranças de cada pessoa que me conheceu, outro pra quem me ama, outro quando amo alguém.

Amar era pra ser só ser, só um estado, um momento. Momento que se desdobra ou não em muitos outros, mas que só é quando, quanto e enquanto é. Um instante, um presente.

Um presente? Bem, em tempos de processificar tudo, não há presente – nome tão bonito esse. Não há. Não mais. Não há ser. Há, no máximo, o ter sido e o vir a ser, ambos indefinidos, perdidos num espaço-tempo inexistente, imaginário, num tempo-espaço-fronteir-alinha-imaginária-do-Equador. Tempo-espaço-fuso-horário. Longe, perto, lá, ali. Que não dá pra tocar, nem pra sentir. Perdido num eu que era outro, embora eu insista em vê-lo como esse mesmo eu evoluindo... indo... endo... ando. Processo. Outro eu, um bicho estranho que já renovou todas as suas células tantas vezes até o momento lembrado e as renovará outras tantas até o momento projeto. Mas que insiste em ser o mesmo. E, por isso, no fim, cada eu só existirá no depois, no lembrar. Porque perdemos o presente lembrando e projetando. Processificando. Transformando tudo num processo interminável e chato de um ser que não pode ser porque se acha melhor enquanto é processo.