terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Primeiras impressões de outra paulicéia...

Já ouvi muita coisa sobre o Recife desde o começo dessa minha viagem. Já ouvi da relação de amor e ódio; das comparações com Salvador; do patriarcalismo, da mania de grandeza...



Já ouvi incontáveis vezes pra tomar cuidado que aqui é muito perigoso. E lembrei muito de quando cheguei a São Paulo e não saía de casa depois das 21h. E lembrei de quanta coisa não tenho pra lembrar desses primeiros dias em que não saí depois das 21h.




Já ouvi que Recife e Salvador são cidades com estrutura social semelhante, mas que Salvador tem uma classe média mais inchada. E, sinceramente, nem sei o que pensar sobre isso. Por um lado, isso pode significar uma diminuição da miséria. Por outro, pode significar massificação ainda mais intensa de valores consumistas e culturais padronizados e pobres e chatos.



E já ouvi que Recife está para São Paulo como Salvador está para o Rio de Janeiro. Sobre a segunda constatação, não posso opinar. Não conheço Salvador e no Rio eu só fui pra derrubar meu celular no mar. Mas sobre São Paulo e Recife, atesto a semelhança. O mesmo espírito de movimento permanente, de trabalho claramente em excesso pra produção e consumo do superfluo e manutenção da miséria, de contradições intensas impossíveis de ignorar. O mesmo estado de alerta ao andar pelas ruas. O mesmo trânsito maluco e irresponsável privilegiando os motores às vidas. A mesma prevalência absurda de brancos da classe média nos teatros e shows. O mesmo cheiro de xixi na rua - tá bom, não, nisso (e na musicalidade) Recife é imbatível. Mas é verdade também que o sotaque pernambucano é mais gostoso.

Mas o meu "amor-e-ódio" é paulistano.