domingo, 25 de junho de 2017

poemas de estrada

Ainda nunca

Ontem plantei
um canteiro de sonhos já nascidos

Hoje desenho mapas.

Toda cabeça tem seus mapas:
os lugares de sempre
e os de ainda nunca

Hoje desenho mapas ainda nunca.

Não me distraio com o ponto de chegada.
Traço o caminho:
a entrega daquela que vai.

Cantiga

Essa sensação,
esse desejo de que as árvores
                                             e casiiinhas e cidades inteiras
nunca mais parassem de passar pela janela.

Desejo de um tempo de viagem
Tempo em viagem
Tempo em mim

Que continuassem passando suaves e apressadas as coisas ao lado
Todas compondo uma canção de ninar - a minha canção de sonhar.

Pé na estrada

Indo daqui pra lá
cheguei em mim (!)

Não sei
em que ponto exato cheguei
nem em que ponto exato do trajeto
nem em que ponto de mim

No primeiro passo?
Na reta final?
No mais intenso cansaço?
Na ponta do pé na estrada?


E dentro?

A estrada assiste quem passa

Podemos aprender nós
a assistir a estrada?

A estrada parece que corre
quando está parada
E nós passamos correndo
quando dentro não o-corre nada.

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