poemas de estrada
Ainda nunca
Ontem plantei
um canteiro de sonhos já nascidos
Hoje desenho mapas.
Toda cabeça tem seus mapas:
os lugares de sempre
e os de ainda nunca
Hoje desenho mapas ainda nunca.
Não me distraio com o ponto de chegada.
Traço o caminho:
a entrega daquela que vai.
Cantiga
Essa sensação,
esse desejo de que as árvores
e casiiinhas e cidades inteiras
nunca mais parassem de passar pela janela.
Desejo de um tempo de viagem
Tempo em viagem
Tempo em mim
Que continuassem passando suaves e apressadas as coisas ao lado
Todas compondo uma canção de ninar - a minha canção de sonhar.
Pé na estrada
Indo daqui pra lá
cheguei em mim (!)
Não sei
em que ponto exato cheguei
nem em que ponto exato do trajeto
nem em que ponto de mim
No primeiro passo?
Na reta final?
No mais intenso cansaço?
Na ponta do pé na estrada?
E dentro?
A estrada assiste quem passa
Podemos aprender nós
a assistir a estrada?
A estrada parece que corre
quando está parada
E nós passamos correndo
quando dentro não o-corre nada.
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