domingo, 31 de agosto de 2014

carnaval de histórias

Carnaval de histórias
pedaços de memórias coloridas
voam de fora para dentro - e invadem os olhos
serpentinas de saberes
se desenrolam da pele - e invadem os outros

Tudo é festa!
e, ao mesmo tempo, lágrima.

Dentro no fora,
eu no outro.
Esboço
de vida compartilhada
Esforço
de autonomia esperançada.

O movimento de dentro
quando encontra o do entre
é tempestade, maremoto, vendaval,
é, do seu modo, cotidiano carnaval.

habitar

Exposta
acariciada pelo vento
a ferida pulsa.

Dela saem suspiros
sonhos, memória
arrepios

e uma vontade funda de fugir.

*

Fora da gente
os caminhos são mais claros
Mas fora da gente
não são os nossos pés que dão os passos

*

Habitar-se
não é ação de hábito
é esforço

é ocupar, em luta, o terreno do eu
[que nem existe]

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

pedaço de presente

porque um pedaço é expectativa
outro, lembrança
outro presente.

porque tem tanta vida
que sobra - salta e rodopia -
sobre essa

porque tem tanto momento
que imagina - sonha e delira -
sobre esse

porque tudo o que não vivemos
daria umas 7 vidas novas
e bilhões, trilhões de histórias

ah! mas o presente, o presente...
o presente é a gente. e só.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

lua de dentro

lua cheia
meia
se esconde atrás das poucas nuvens
nubla

eu sem ar
meia
me escondo de mim
pra ver se não te vejo
tanto

sou lua cheia - meia

pedaços de lua
pedaços de luz
reflexos
marcad'água, pesada, de lua
no ceú imenso
denso
de ser - e manter
aceso um pouco de luz
ao escurecer
até.

***

minha dor
são palavras

tijolos de palavras
facas de palavras
fotografias de palavras
lagos de palavras
rio de lava de palavras

tanto silêncio.

***

não fosse o tão imenso medo, o pavor mesmo, que temos de sermos o que somos [pensamos, sonhamos, desejamos, não queremos]; e, mais ainda, que temos de que os outros conheçam o que somos [pensamos, sonhamos, desejamos, não queremos], talvez houvesse alguma brecha pra algum tipo de amor em que se pudesse crer. assim como é [no medo, no nada, no não ser, no não me/te deixo conhecer] só vejo pagadas na areia fina. e o vento bate logo, louco.

***

não fosse eu, a vida seria mais simples.

***

tem um lugar dentro do vazio
do só
que tem a leveza e o peso da brisa
e ainda canta.