quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Caderninho de pequenas frases

Engraçado como a vontade de escrever - dessas de quase explodir - vem quase em dois momentos: quando viajo e quando me sinto só.


Marcello, Cello, Stela, esse menino doce que me apareceu em 2010, me presenteou com um lindo caderno preto-básico que já tem algumas citações...

"Portanto, não é surpreendente que na concepção marxista a "efetiva transcendência da auto-alienação do trabalho" seja caracterizada como uma tarefa inevitavelmente educacional" (István Mészáros, lido no vôo, 16/8/10)

"Minhas saudades são sempre imediatas. Por que passamos tanto tempo com pessoas medíocres e tão pouco com as encantadoras?" (eu, 21/8/10, despedida de Celina, Recife - Boa Vista)

"O socialismo tem que ser assim... alegre, festivo, com cara de Brasil. Não pode ser duro e carrancudo" (Celina, 21/8/10 - Recife - para ser lido com sotaque)

"A que ponto chegou a humanidade se pras pessoas dividirem as coisas elas precisam ser obrigadas" (Celina, 17/1/11, sobre a ideia de "ditadura"em Cuba, cujos ideais e cuja prática cotidiana ela conheceu possivelmente nos melhores tempos - Piolin, São Paulo)

Eu pequeno-burguesa

Um produto, um tipo

Eu sou um monte de fragilidades
+ um monte de dúvidas
Algum encantamento
+ um punhado de esperança...

Eu sou um monte de afirmações
Um monte de tentativas
+ um bom tanto de voltas atrás
e outro tanto de frustrações

Eu sou um monte de enormes medos
+ um poço bem fundo de desejos
Cheinha de um grande vazio
E + um conjunto de respostas prontas que eu mesma desconstruo

Eu sou, enfim, mais uma dessas muitas

Dessas que procuram, cegas, arrumar em algum lugar algum sentido pra vida maior do que esse pouco sentido que ela de fato tem. Depois, pouco depois, meio enfraquecida da ressaca, do trabalho ou da dor de garganta... desiste... joga um olhar melancólico para a vida e vai brincar de esconde-esconde com o gato.

(Escrito entre 17 e 18/1 depois de mais um encontro transformador com a pessoa que mais me inspirou até hoje. Dela, falaremos mais...)