terça-feira, 11 de agosto de 2009

Anotações III

Sábado, dia 8/8, descobri que ter um acordo sobre as normas em uma sociedade não significa ter um acordo sobre o significado das normas e nem sobre a maneira de aplicá-las.

E...

Descobri que a maneira de aplicá-las é tão importante quanto seu significado em si.

E...

Descobri ainda que estamos condenados a uma espécie de ditadura da satisfação irrestrita, à busca sem fim de estar o tempo todo plenamente satisfeitos, por impossível que isso seja. Impor essa satisfação irrestrita é a forma mais eficaz de impedir qualquer satisfação.

E, por isso mesmo...

não se trata mais de perguntar "quem você é", mas do quão rápido você consegue se modificar, pois "flexibilidade" é tudo.

E, finalmente...

Descobri que o autoritarismo pode se esconder sob a forma de flexibilidade. Um coletivo totalitário não tem necessariamente leis e regras totalitários em princípio - o cerceamento e a manipulação podem estar no fato de que as leis são interpretadas como melhor convier a quem mantém o poder, de modo que nunca se sabe como as normas serão aplicadas. Logo, você nunca sabe se está dentro ou fora da norma. Logo, você sempre está passível de punição e/ou exclusão. Logo, cria-se o medo permanente.

Quer saber mais:
dá uma folhada em Cinismo e Falência da Crítica, de Vladimir Safatle.
Ou
acompanhe o canal da II Trupe de Choque no Youtube, que logo mais haverá um vídeo com o seminário do Safatle no CAISM Philippe Pinel.
Ou
abra os olhos e repare em volta.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tudo coisas da vida...

Aconteceu na virada de 2008 para 2009. Bem na virada mesmo. Estava começando a contagem regressiva e nós ainda estávamos no congestionamento na trilha que levava do bairro a uma prainha em Guaraú, no meio do mangue. Isso mesmo, trilha a pé, no meio do mato, com trânsito lento no reveillon.

Nesse momento, lembramos de uma música que tínhamos ouvido à tarde na casa em que estávamos. O trecho que mais nos marcou dizia: "O que dá pra rir dá pra chorar". E cantamos até o 2...1...zeroooooo!

Conto isso, porque esse verso é um achado filosófico. Ontem, andando pela rua Frei Caneca, li e algum restaurante cor-de-rosa que: "você pode criar suas possibilidades do mesmo material com que cria suas derrotas". E logo lembrei também daquele lance de "se te derem um limão, faça dele uma limonada"... enfim, "tucanaram" o que o grande Billy Blanco (ai, que nome sonoro!) disse da maneira mais simples e direta. Gênio.


Canto Chorado
Billy Blanco
Composição: William Blanco

No jogo se perde ou se ganha
Caminho que leva
Que traz
Trazendo alegria tamanha
Levando, levou minha paz
Tem gente que ri da desgraça
Duvido que ria da sua
Se alguém escorrega aonde passa
Tem riso do povo
Na rua
O que dá pra rir, dá pra chorar
Questão só de peso e medida
Problema de hora
E lugar
Mas tudo são coisas da vida
O que dá pra rir, dá pra chorar
O que dá pra rir, dá pra chorar.