segunda-feira, 13 de julho de 2015

Amores, distâncias, montanhas russas

Essa distância
entre o quanto você está aqui dentro
e o quanto você não procura estar
é a angústia.

***

Amar
garante tudo.
E não assegura nada.

A voz
o desejo
os dedos
o hoje
o brilho
não estão no amar

estão na montanha russa.

estão naquela linha fina que divide o agora e o depois
e distingue uma vida da outra
aquela linha pontilhada no peito
que separa segurança e carência
ansiedade e costume
eu a você
meu tempo e o seu.

Amar
é tempo.

Tempo que gata anda muda corre gira dorme desperta dome (re)nasce vaga passa volta invade transborda.

                          qual é o amar de agora?



***

A montanha russa sobre
seus passageiros não têm rosto.
O trilho sem fim segue íngreme
os olhos dos sem-rosto não se encontram no horizonte
as mãos dos sem-rosto seguram tanto as travas que se diluem em metal

O sol nasce, mas quando chega o calor
não há mais corpos.

A montanha russa desce
Não há mais sol ou trilhos
Mãos de metal se buscam, frias.

Cair é como voltar a ter rosto.

Achados de outro feriado, perdidos no caderno

Feriado 

É feriado.
Trabalhamos.
A voz do metRô é a mesma de qualquer segunda-feira.
A moça brasileira e o tradutor inglês
não engasgam, nem bocejam.
Até os passarinhos brincam nas árvores
como em qualquer segunda-feira.

É feriado.
Caminhamos.
Pernas de ferro nos levam
rápido
pra longe de nós.
Mais rápido
pra mais longe.

Uns vamos à praia.
Outros limpamos banheiros.
Alguns encontramos segundos de vida viva.
Farejamos...


***

Faria Lima

A caminho do nada
a moça se arruma.
No espelhinho,
os cílios vão ficando pretos.
Os cabelos,
que nasceram pretos,
são agora loiros.

Tudo moldado
pelo nada.
para o nada.

A moça se arruma,
o mundo se arruma - no molde.

O sinal toca
pra fechar o espelhinho.
O destino chegou
e os cílios pretos de cabelos loiros têm pressa em direção ao destino.

O nada é a Faria Lima