poeminha de segunda 1
enquanto a paisagem desaba cinza
num fim de tarde que parece fim de tudo
trabalhamos
trabalhar escrevendo às vezes parece mais grave
todo trabalho é prostituto, sabemos
mas vender as palavras
parece ser algo
como oferecer a alma de brinde
de repente,
em meio à tempestade de palavras prostituídas
uma delas me lembra o azul claro que se mostra no intervalo
improvável entre o cinza mais dominante
desde então, descontraladamente
toda palavra sai poesia
e gráficos relatórios pareceres contratos e-mails cartazes publicações postagens comunicados memorandos
são explosivos
doces
inconformados
e inúteis
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