manifesto do não sei
em nome dos buracos que enchem as calçadas de flores-surpresa
em nome dos sabores sem açúcar que enchem a boca de saliva nova
em nome dos vãos livres que enchem de horizonte a paisagem
em nome das malas vazias que enchem de leveza o percurso
em nome do menos-eu que enche de outros a vida.
para celebrar a flor que nasce no chapéu
para celebrar a pergunta que ainda não conseguiu nascer
para celebrar a cara de tacho do mestre superado
para celebrar a dor da dúvida
para celebrar o que se inventa por não se saber
para celebrar o que nos inventamos por não nos saber
evocando a calma-tempo que espera nascer a nova dúvida que vem depois da certeza
evocando a alma-espaço que não se contenta em deter nenhuma verdade em seu território
evocando os sonhos-delírio que sabem que não cabem, daí explodem, ilógicos
evocando os pés-penas, inchados, que calçados de caminhar tanto, decolam
para sermos maiores - e ao mesmo tempo do nosso preciso tamanho
para soprarmos as conexões cerebrais que revisitamos d.i.a.r.i.a.m.e.n.t.e
para mastigarmos as cercas feitas de palavras que dominam as prateleiras de saber
ateando o fogo, a coceira, a pulga, os dentes e dentaduras
convidando o abismo pro lado de dentro - e deixando o assovio do vento cantar a imensidão
pelo não sei
porque não sei
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