escritos de ônibus SP-RJ [2 *]
Movimento
Eu
corpo em trânsito.
Foram tantos
já
os meus corpos em trânsito!
Tem uma guerra
aqui dentro
Ela é do tamanho
do existir;
E é também minúscula
quando difusa na paisagem
aqui na janela
que mistura o agora com o agora há pouco e o daqui a pouco
me oferecendo
o movimento
***
à minha amiga que voou
vejo tuas asas
desenhadas nas nuvens leves
- e o céu está tão azul!
nós somos os vôos que fazemos
e os que não fazemos
- os vôos e os pousos
então, pouse suave, ave!
e deixe as asas preparadas, hein!
que o vento - ainda - te sopra...
***
Ousadia
Ousadia, meu filho, é abrir casa de umbanda em Aparecida
***
[do livro Voces Mapuches]
Dormitar
es hora
en que el fuego comienza a dormitar
abuela
Y el camino del cielo
me trae tu voz
desde las sombras
es hora de dormir,
me dices,
mañana otros pasos andaremos
porque otras son
las palabras en el día
*
En este suelo habitan las estrellas
En este suelo habitan las estrellas
En este cielo canta el agua de la imaginacion
Mas allá de las nubes que surgan
de estas aguas y estos suelos
nos sueñan los Antepasados
Su Espíritu - dicen - es la Lina Llena
El Silencio: su corazón que bate
*
{trecho}
Salí a perderme en los
bosques de la imaginación
(en eso ando aún)
*
{trecho}
cada una es diferente a la otra
cada planta tiene su propio espíritu
***
Da falta
A doçura que mora na tua mão
é do tamanho do espaço imenso
que sobra
ao meu redor
quando você não está.
O espaço-dentro. Quanto!
Sentir esses espaços é sentir que eles existem.
Sentir que eles existem é condição para sentir a alegria de tê-los repletos.
de nós.
e linhas.
e tal.
***
de volta à vila
os ipês da minha vila
dão flores amarelas
e cachos de tênis velhos
brotando dos cadarços encardidos
do lado de fora da Lotérica fechada
as pessoas esperam
o início do horário comercial
pra comerciar a chance
da sorte
de uma vida mais tranquila
Eu
também espero
a sorte
de uma vida mais tranquila
de ipês amarelos.
e corro.
Você
também espera
a chance
da sorte
de uma vida mais tranquila.
e corre.
No meio das avenidas
nos encontramos
esfacelados das corridas
de algum jeito nos seguramos
mãos dadas, meio tremidas.
e rimos.
(eu caminho na minha vila cantando poesias dentro da cabeça pra os passarinhos ouvirem. aí, numa esquina, encontro uma criança fazendo qualquer coisa. e ela é poesia. eu guardo silêncio e próximo passo)
*
Ei, São Paulo
espelho do meu caos.
a belezura dos detalhes
com a crueldade do panorama.
e sol!
o sol entra pela porta do metrô
pelo vidro não-arrebentado da janela da sala
pelo peito
e narinas
e vira o cansaço do avesso
e vida!
terminal.
* o 2 do título refere-se a este 1 aqui ó:
http://pedacinhosdemundo.blogspot.com.br/2013_11_01_archive.html
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