Pedacinhos de pessoa desencontrada do seu poder
No ringue
Dente de leão
Origami de papel de seda
Pólen
Meus farelos caminham
sobre saltos
sobretudo
cachecol e óculos escuros
maquiados
O cheiro cítrico
da força dos novos cachos
ilude os outros, me golpeia
Parece
que venci o mundo
Enquanto sangro no chão
esperando o juiz contar até mil.
***
Cimento
"Quem você pensa que é?"
Pergunto eu,
pra mim,
enquanto o ônibus chacoalha
minhas fraquezas
de estômago vazio
e anemia na alma.
Alma?
Sorrio. E chorro. Só por dentro.
Economizo as expressões dramáticas
e reservo o sorriso pras mentiras mal contadas
com que convenço os de fora
depois ensopo o travesseiro
As pedras na mochila já são cimento
Todos os de fora sofrem, surtam,
Eu não, eu aguento;
Eu-cimento.
Quanto mais as minhas fronteiras
se diluem a olhos vistos,
mais se estreitam e esmagam
o desejo de heroismo.
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