sábado, 30 de abril de 2011

Meu não-lugar de classe

Ela era a fome.


Os olhos cruzados eram medo
E fome
E cansaço
E guerra.

Batalha violenta de fomes
em tempos de anestesia
Luta do mínimo
em tempos de cegueiras

Na disputa: nenhum toque
[nem sei se é quente ou fria a fome]
Só palavras - mentiras trocadas
... e aqueles olhos

Com o plástico partido,
rasga-se a couraça, estoura-se a bolha, frágil, frágil.
A fome me estoura e me vira
irremediavelmente
pra dentro

Ela era a fome.
Quem eu era?


28 de maio de 2011 - São Paulo - caminho de casa


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